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Secovi Entrevista Ed45

Não podemos negar que a gestão de condomínios é um cenário dinâmico e desafiador, a figura do síndico é crucial para a manutenção da harmonia e bem-estar dos moradores. Para entender melhor os desafios e as realizações dessa função, o Secovi Entrevista dessa edição conversou com o Síndico Sérgio Maciel de Souza, responsável pelo Condomínio Residencial Vitória, localizado no bairro Santa Mônica, com 208 apartamentos.

Veremos nessa entrevista uma trajetória marcada por dedicação e responsabilidade. Sérgio compartilhou um pouco de suas experiências, motivações e os impactos positivos de sua gestão, revelando como a liderança e o comprometimento podem transformar a vida em comunidade. Acompanhe a entrevista e descubra o que têm feito a diferença nesse grande condomínio com mais de 800 moradores.

Secovi Entrevista: Sérgio, poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória até se tornar síndico e o que o motivou a assumir essa responsabilidade?

Sérgio: Bom, a história é um pouco complexa. Aqui no condomínio, o síndico tem que ser morador. Eu moro aqui há 26 anos. Fui subsíndico por 14 anos e estou como síndico eleito há 3 anos, sendo que eu peguei o cargo porque ninguém queria. O síndico anterior foi síndico aqui por 22 anos. Ele faleceu e, como eu era o subsíndico, assumi o lugar dele, cumpri o ano que faltava do mandato e depois fui reeleito. O que me motivou a ser reeleito foi que eu comecei a fazer pequenas obras, cuidando do condomínio e, de certa forma, cuidando da minha casa. Com isso, fui me empolgando a fazer as coisas bem feitas, da forma que eu julgava certa e com a aprovação do conselho, fui mantendo o condomínio limpo e organizado. As motivações foram essas, basicamente. Foi o fato de me empolgar a fazer o melhor para o condomínio e valorizar o meu próprio imóvel.

S.E.: Sérgio, quais foram as principais mudanças e melhorias que você implementou em sua gestão e quais impactos você acredita que elas tiveram no condomínio?

Sérgio: Bom, eu considero que a minha personalidade foi a grande mudança mesmo. Fizemos muitas mudanças, reformas, pinturas e cuidamos da acessibilidade: pintamos faixas de acessibilidade, colocamos corrimões em todos os lugares que não tinham. Tenho uma grande preocupação com os idosos, que representam mais ou menos 30% da população aqui. Mas, o que considero o grande feito foi eu ter gerado harmonia e paz no condomínio. Ao menos eu tenho essa impressão e algumas pessoas também comentam comigo.

S.E.: E quais são os problemas mais comuns que você enfrenta no seu dia a dia e como você lida com eles para manter a harmonia?

Sérgio: Bom, como síndico, você tem, basicamente, dois tipos de problemas. Você tem os problemas estruturais. Para estes, precisa ter o prestador certo e de confiança, então ele vai lá, resolve e faz bem-feito. Eu montei uma boa equipe de prestadores de serviço muito boa. Sou fiel a eles e eles a mim. Esse tipo de problema eu enfrento todo dia e, mesmo em um condomínio com 28 anos, dessa forma é muito fácil de resolver. O segundo conflito, que eu vejo como mais tenso e difícil, são os conflitos entre as pessoas. Não em relação a mim, mas entre os moradores. Reclamação que o cachorro do vizinho está latindo, por exemplo. Hoje não tem como impedir de ter os pets, o Código Civil está aí e não tem como proibir. Fazer com que tudo se encaixe e manter a harmonia nas relações, mesmo com cachorro e criança correndo nos corredores, são as situações mais desgastantes para o síndico e ocorrem todos os dias.

S.E.: Pensando na importância do tema sustentabilidade, poderia nos contar se existe alguma iniciativa para promoção de práticas ambientais conscientes entre os moradores?

Sérgio: Nós estamos falando de um condomínio antigo onde não existia essa preocupação. Então, o que temos feito desde quando eu era subsíndico, e continuo fazendo, são várias campanhas para que os moradores depositem o lixo de forma adequada e separado. Tenho uma parceria, há 20 anos, com uma senhora que tem acesso às quatro lixeiras do condomínio. Dia sim, dia não, ela vem e faz todo o trabalho de separação do lixo, mesmo que o morador já tenha feito, por que os moradores não fazem 100%. Ela e o filho fazem um trabalho de reciclagem muito bem feito. Fora isso, me preocupo muito com o consumo de água. A água aqui é inclusa no condomínio e as pessoas não têm consciência, gastam sem dó. Então, faço várias campanhas: com cartazes, nos grupos de WhatsApp, no dia a dia, conversando com os moradores e verificando se há vazamentos. Tudo para tentar economizar o máximo de água possível. Essas ações têm reduzido em torno de 5% a 6% a conta de água nos últimos tempos.

S.E.: Considerando suas iniciativas e o impacto percebido pelos moradores, como você avalia o sucesso das suas ações na administração do condomínio ao longo dos anos?

Sérgio: É complicado fazer auto avaliação, mas ouvindo as pessoas que, às vezes, me abordam, principalmente os idosos, avalio minha administração como positiva. Devido as ações que tenho feito, no sentido de manter o condomínio muito limpo, ter conseguido trazer uma harmonia diferente para o local e consegui valorizar o imóvel. São apartamentos de 80m², hoje em dia cada vez mais raros, há 3 anos estavam valendo R$ 180 mil, com todas as adversidades da economia brasileira, hoje tem apartamentos aqui avaliados em R$ 250 mil.

S.E.: Como você avalia o impacto do Secovi na sua gestão como síndico? O apoio do sindicato tem influenciado suas decisões de alguma forma ou ajudado na administração do condomínio?

Sérgio: Eu avalio como muito positiva. Foi o antigo síndico que nos filiou ao Secovi. Quando eu assumi, questionei bastante meus dois advogados e a contabilidade, se realmente era necessário manter essa filiação. Ambos deixaram para eu optar. Depois questionei também bastante o próprio Secovi, os advogados do Secovi e a Alcione, que é quem me atende lá. Com isso fui entendendo qual era o trabalho do Secovi, que tipo de assessoria e apoio o Secovi podia me prestar e isso me ajudou muito. Por que quando você é subsíndico é uma coisa, ser síndico é outra, bem diferente, a responsabilidade é toda sua. Eu trabalho fora, então o Secovi presta assessoria principalmente na parte de funcionários, de leis e tudo mais. Então, considero muito positivo ser afiliado ao Secovi e ter esse respaldo na hora que você precisa das coisas: como fazer, como não fazer, o que é certo e o que é errado, porque o Secovi tem à nossa disposição assessoria especializada nessa área.

S.E.: Para finalizar, considerando sua experiência e os desafios enfrentados, quais conselhos você daria para alguém que está iniciando como síndico?

Sérgio: Bom, o primeiro conselho que dou é: um condomínio saudável é um condomínio que tem fundo de caixa, que paga todos os seus impostos em dia. Não é fácil fazer isso, mas tem que erguer a cabeça, cuidar de tudo como se fosse seu, mas lembrar que o dinheiro e o patrimônio são de todos. Aprender a separar o que é certo do que é errado e fazer sempre o certo. Na dúvida, consulte o Secovi, porque tenho visto muitos síndicos se envolverem em causas jurídicas por inexperiência, por falta, às vezes, de humildade de consultar um advogado e aí acabam fazendo algo que acham que é certo, mas pela lei está errado e prejudicam a si mesmos como síndicos. Por que muita coisa recai só sobre o síndico ou prejudica o próprio condomínio ou moradores. Então o conselho é, basicamente, honestidade e humildade. Nunca se deve chegar às pessoas para resolver um conflito com superioridade. Você tem que estar preparado. Eu, de certa forma, me preparei por 14 anos e mesmo assim foi difícil, e olha que sou formado em contabilidade, gestão de pessoas e logística. Tenho toda uma bagagem de estudo e experiência. Por isso, deixo esse conselho para quem quer pegar uma sindicância: se caiu no seu colo ser síndico, se prepare, cerque-se de pessoas boas, pessoas que possam te orientar, e tenha a humildade de pedir conselho a um síndico mais experiente.

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