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Construindo o Amanhã Sustentável – ESG, Inovação Social e Gestão de Resíduos no Cenário Imobiliário Brasileiro

Nos últimos anos, testemunhamos uma mudança significativa nas práticas e mentalidades que norteiam o setor imobiliário e condominial no Brasil. Com a ascensão do conceito ESG (Environmental, Social, Governance), as empresas do setor estão redefinindo suas abordagens para refletir valores mais sustentáveis. Este artigo visa explorar as tendências emergentes e algumas estratégias implementadas para a construção de um futuro mais verde e socialmente responsável.

O Conceito ESG: Entendendo os Três Pilares Fundamentais

Nos meandros do mundo dos negócios, a sigla ESG tem ganhado cada vez mais destaque. Mas o que exatamente significa? Este acrônimo representa três pilares essenciais: Ambiental, Social e Governança. Esses pilares são a base para avaliar o desempenho e a sustentabilidade de uma empresa, indo além das métricas financeiras tradicionais.

Ambiental (Environmental): Refere-se à maneira como uma empresa aborda questões relacionadas à sustentabilidade, como: mudanças climáticas, gestão de resíduos e conservação dos recursos naturais. Boas práticas incluem, dentre outras, redução das emissões de carbono, adoção de energias renováveis e eficiência energética.

Social: Envolvem questões relacionadas às pessoas e às comunidades em que a empresa opera. Isso abrange desde a promoção da diversidade e inclusão até a responsabilidade social corporativa, contribuindo para o desenvolvimento local.

Governança: Engloba a estrutura organizacional, ética empresarial, transparência e responsabilidade. Inclui a independência dos conselheiros, políticas de remuneração justa e combate à corrupção.

ESG no Setor Imobiliário: Integrando Sustentabilidade e Responsabilidade Social

O entendimento de como as empresas podem operar de maneira mais sustentável se tornou importante pauta no setor imobiliário brasileiro. O conceito transformou-se em bússola que orienta as ações desde o planejamento do empreendimento até a gestão do condomínio. O mercado percebeu que a integração desses princípios não apenas reflete responsabilidade social, mas também contribui para uma vantagem competitiva significativa.

Uma aplicação prática no setor de construção civil é a integração de tecnologias sustentáveis em seus projetos. O que inclui a adoção de fontes de energia renovável, como painéis solares e sistemas de captação de água da chuva, para reduzir o consumo de energia e água, principalmente em condomínios. Além disso, a utilização de materiais de construção eco-friendly, como madeira certificada e concreto reciclado.

Outro método comum é a certificação de edifícios sustentáveis. Certificações como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e WELL Building Standard são amplamente reconhecidas no mercado e atestam o compromisso de um empreendimento com padrões elevados de sustentabilidade e bem-estar dos ocupantes.

Além das técnicas de construção sustentável, ideias inovadoras estão surgindo, como o desenvolvimento de bairros inteligentes, onde a tecnologia é utilizada para otimizar o uso de recursos e melhorar a qualidade de vida dos moradores, como a implementação de sistemas de monitoramento e gestão de energia em tempo real. A integração dos princípios ESG não apenas fortalece a imagem das empresas do setor imobiliário que se preocupam com elas, mas também atende às crescentes demandas dos clientes por propriedades sustentáveis e socialmente responsáveis.

Com isso, as transformações, além de agregar valor aos imóveis, também contribuem para a construção de um futuro mais sustentável. Afinal, quando a imobiliária incentiva a promoção da eficiência energética nas residências e promove a oferta de imóveis com instalações de energia solar, atrai inquilinos e compradores conscientes, além de contribuir para a redução do consumo de energia e emissões de carbono. Nesse sentido, as certificações ambientais para as propriedades ajudam nessa estratégia. Certificações como o Selo Casa Azul +, que atesta a sustentabilidade da edificação, agrega valor ao imóvel e demonstra o compromisso com práticas ambientalmente responsáveis.

No âmbito social, a promoção da diversidade se vê em anúncios onde todos os clientes se sintam representados e atendidos e que demostram a preocupação da empresa com a inclusão social. A comprovação desse compromisso vem através da busca por imóveis com acessibilidade em comércios e residências. Por isso, imóveis com rampas de acesso e outras adaptações para pessoas com mobilidade reduzida têm sido mais valorizados. Além disso, a transparência na comunicação se faz fundamental. Imobiliárias que destacam critérios ESG incorporados às propriedades, seja em anúncios ou durante as negociações, reafirmam essa responsabilidade social por parte da empresa.

Gestão de Resíduos e Economia Circular

Pode-se dizer que um dos tópicos mais disseminados que contribuem para o conceito ESG, é o gerenciamento eficiente de resíduos. O assunto tornou-se preocupação em resposta aos desafios ambientais contemporâneos e nesse contexto, a economia circular emerge como uma estratégia chave.

A economia circular visa manter produtos, materiais e recursos em uso pelo maior tempo possível. No âmbito imobiliário inclui práticas como a reabilitação de edifícios antigos, o reaproveitamento de materiais de construção e a promoção de modelos de negócios que incentivem a durabilidade e a manutenção.

Para o setor de construção civil abrange repensar o ciclo de vida dos materiais, promover a reciclagem de material de demolição e a reutilização de recursos, contribuindo significativamente para a redução do desperdício. É nesse sentido que, desde a escolha de materiais de construção até a disposição final de resíduos, diversas práticas sustentáveis estão sendo adotadas.

Para imobiliárias, alguns aprendizados surgem, como: a busca por programas de coleta seletivas eficazes, o estimulo à moradores e clientes sobre a separação correta dos resíduos e estabelecer parcerias com cooperativas locais de reciclagem. Imobiliárias que incentivam a redução e reutilização de embalagens nos processos de mudança, por exemplo, orientando clientes sobre opções mais sustentáveis e conscientes, contribuem para a redução de resíduos e afirmam seu compromisso com a sustentabilidade.

Em alguns condomínios residenciais e em associações de moradores, observa-se a instalação de pontos de coleta específicos para itens como eletrônicos, móveis, brinquedos e roupas que posteriormente são direcionados para destinos adequados. Embora, o movimento que mais tem crescido em condomínios verticais e horizontais é a conscientização da importância da separação de resíduos secos dos orgânicos. Tendo ainda aqueles que aproveitam essa separação e evoluem para a criação de compostagens, tendo aí uma estratégia eficaz de gestão condominial. A implementação de composteiras comunitárias pode transformar resíduos de alimentos em adubo, contribuindo para a criação de ambientes mais sustentáveis.

Seja qual for o método adotado, a gestão de resíduos deve ser um processo dinâmico, com monitoramento constante e avaliação contínua. É importante estabelecer métricas que possibilitem a mensuração da eficácia das práticas adotadas, identificando pontos de melhoria e ajustando estratégias conforme necessário.

Inovação Social em Empreendimentos Imobiliários.

O impacto social das construções e condomínios não pode ser subestimado. Projetos que proporcionando moradias sustentáveis e espaços públicos inclusivos, estão ganhando grande destaque. A diversidade e participação comunitária tornaram-se critérios importantes na avaliação dos empreendimentos. Empresas que incorporam esses aspectos não apenas cumprem um papel social vital, mas também atendem às crescentes demandas e expectativas dos consumidores conscientes.

Por isso, a busca por inovação social é um caminho promissor para o setor imobiliário. Além de contribuir para a criação de ambientes de qualidade, visa fortalecer laços comunitários, promover a inclusão e contribuir para o desenvolvimento social. Em condomínios as inovações se manifestam por meio de espaços comuns diferenciados, projetos que facilitam e promovem a interação entre moradores de forma abrangente e acessiva, sejam nas áreas de lazer, coworking, hortas comunitárias ou outros.

Outra inovação nesse tema tem ocorrido através de fóruns, grupos online e eventos que incentivam e proporcionam espaço para compartilhamento de ideias, preocupações e soluções. Estimulando a participação ativa na formação de uma comunidade mais unida, inclusiva e participativa. São ações que, além de refletir os valores sociais contemporâneos, também criam ambientes ricos e acolhedores.

Integrar tecnologias de conectividade inteligente nos empreendimentos imobiliários também faz parte de uma estratégia inovadora. Sistemas de segurança conectados, automação residencial e redes de comunicação eficientes contribuem para a qualidade de vida dos moradores e transformam empreendimentos em espaços modernos e alinhados com as atuais demandas.

Tais projetos fazem parte da dinâmica abordagem que vem permeando o mercado imobiliário como um todo. A integração de práticas que fortalecem a coletividade, promovem a sustentabilidade e abraçam a diversidade, colocam construtoras, imobiliárias e condomínios não apenas em destaque no mercado, mas contribuem ativamente para a construção de comunidades resilientes e sustentáveis. Por isso, a busca contínua por soluções inovadoras é essencial no enfrentamento de desafios mais contemporâneos e na criação de espaços que atendam às necessidades presentes e futuras. Ao adotar tecnologias inovadoras é possível atender aos anseios e valores de uma sociedade diversificada e cada dia mais consciente. Conduzir negócios imobiliários com base nos princípios ESG não é apenas uma estratégia de curto prazo, mas uma visão de futuro inteligente.

Revista Secovi – Ed45

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