palermo

Secovi Entrevista – Revista Ed44

Hoje, o Secovi Entrevista mergulhou nos bastidores do Condomínio Residencial Palermo, localizado no Jardim Holanda, para uma conversa esclarecedora com Lucimar Batista do Nascimento, síndica há seis anos e sete meses. Com 108 apartamentos sob sua gestão, Lucimar compartilhou sua jornada desde a aceitação inesperada do cargo até se tornar uma líder dedicada e comprometida com a comunidade condominial. Nesta entrevista reveladora, Lucimar aborda os desafios iniciais enfrentados, estratégias para a adaptação dos moradores às normas condominiais e a importância de promover a segurança. Além disso, ela destaca o papel fundamental do Secovi em seu percurso, enfatizando a relevância dos recursos oferecidos pela instituição. Prepare-se para uma viagem pelos aprendizados, desafios e conquistas da gestão condominial com Lucimar Batista do Nascimento.

Há quanto tempo você é síndica e por que aceitou essa função?

Lucimar: Estou como síndica há 6 anos e sete meses. A princípio, eu aceitei o cargo apenas para acabar a assembleia com a construtora logo. Antes disso, eu não tinha nenhum conhecimento e nem tinha ido a nenhum condomínio na vida. Foi uma decisão tomada na hora, mas com o tempo fui pegando gosto e permanecendo na função.

E como você abordou os desafios iniciais?

L: No começo foi um pouco tenso, porque na ocasião o pessoal da administradora me informou que o síndico não faria nada, que eu podia aceitar o cargo porque síndico não faz nada. Depois de ser eleita, eu passei a ter conhecimento da responsabilidade de um síndico, foi então que comecei a buscar os conselhos dos meus advogados, que tinham conhecimento na área e eles me orientaram. Troquei de administradora e, depois dessa troca, o administrador da empresa, que inclusive mora aqui no condomínio, me ajudou bastante. Os problemas maiores, que a gente sempre vê, são de construção e adaptação. Porque o pessoal está acostumando a morar apenas em casas e morar em condomínio é uma novidade e um desafio. Mas, no geral, deu certo. Desde o começo fui conscientizando cada um e hoje aqui é um condomínio bem tranquilo de morar.

Você falou sobre a adaptação inicial. Quais foram os problemas que você encontrou e precisou resolver?

L.: É mais sobre comportamento mesmo, porque quando a gente mora em uma casa, queremos usar uma furadeira a qualquer hora, queremos mexer nos móveis e fazer mudanças sem horário e sem dia, mas ao morar em condomínio você tem regras. Aí foi preciso conscientizar que o condomínio é um lugar misto, onde vivem vários tipos de pessoas e precisamos respeitar o espaço de todos, porque nem todo mundo trabalha durante o dia. Tem os que trabalham à noite e esses precisam de silêncio e sossego. Você não pode lavar o carro na área comum, porque pode sujar o estacionamento. Uma área comum não é o local onde você faz o que você quer, pois é de uso comum de todos.

E atualmente, quais os problemas que você identifica que ainda
precisam ser resolvidos?

L.: Hoje o problema ainda é a disciplina. As pessoas são muito individualistas, querem do jeito delas, na hora e tempo delas e se não for dentro do que querem, não concordam. Mas isso está sendo mais fácil de lidar, estamos conversando e orientando. Os grandes problemas que precisam ser resolvidos são coisas como o animal de estimação dentro do apartamento que, às vezes, fica muito tempo sozinho e começa a ficar estressado. Também tem a questão da inadimplência, mas isso a gente resolve com o jurídico. No entanto, acredito que a maior dificuldade dentro do condomínio seja a higiene pessoal. Isso é muito grave, é até chato. A separação do lixo orgânico e reciclado é uma cultura que falta em muita gente aqui, deixam o lixo dentro do apartamento e bichos saem para fora, para se ter uma noção a pessoa escarra dentro do elevador, deixa o cachorro urinar dentro do elevador e não limpa. Carrega o lixo e deixar o líquido escorrer no chão e com mau cheiro dentro do elevador. Eu oriento o pessoal que o elevador é um equipamento muito caro dentro de um condomínio e precisa ser respeitado e ter cuidado, e temos que pensar que se entra com alguma coisa com odor, isso tem que ser resolvido, porque outras pessoas vão usar. Então hoje para mim o maior desafio é essa questão de higiene pessoal de cada morador e a separação do lixo. Mas, eu oriento cada morador, por exemplo, os bichos que saem do lixo de dentro do apartamento, eu oriento, porque a última coisa que quero fazer é aplicar uma notificação ou multa. Então faço a orientação e acompanhamento, afinal a limpeza no condomínio é feita todos os dias de segunda à sábado, então a área comum do condomínio é limpa, e precisa ser mantida assim. Essas medidas têm funcionado, agora o que está quase impossível, mas vou encontrar a solução, é a questão do lixo reciclável. Fazer essa separação é o que está sendo o maior desafio hoje. Temos a lixeira para o lixo orgânico e um contêiner para o reciclado e quando o pessoal da coleta passa, o contêiner está pela metade de lixo orgânico enquanto outros estão jogando o reciclado dentro da lixeira dos orgânicos. Minha solução será instalar uma câmera na área e fazer um acompanhamento de perto, para identificar quem não está fazendo a separação correta, porque temos um pessoal que faz a fiscalização. Quando é uma casa ninguém liga, mas no condomínio é diferente, é um desafio, mas irei vencer.

Como você avalia o impacto da sua gestão no condomínio?

L.: Olha, eu sou a primeira síndica aqui do condomínio e toda vez que tem eleição para síndico se mobilizam e votam em mim. Eles falam que, por eu ser uma pessoa muito rígida e sincera, que falo o que precisa na cara, se um dia eu sair o condomínio vai desandar de vez, esse é o feedback que tenho escutado. Além disso, meu foco maior é segurança, eu cuido muito dessa parte. Tanto que hoje o hábito do pessoal é: entrou uma pessoa que não conhecem já me comunicam. Às vezes eu sou grossa e sem educação, mas se eu ficar abaixando a cabeça, tudo desanda e estou aqui pra defender o CNPJ do condomínio e não o meu CPF. Isso está muito claro para todo mundo. Eu ajudo à todos o quanto puder, porém se for colocar em jogo a conduta ou reputação do Residencial Palermo, ai minha postura é outra.

Você falou sobre foco em segurança. Sobre esse aspecto, quais são os planos adotados no condomínio?

L.: Eu ainda não tenho portaria 24h porque não foi aprovado e o pessoal é muito resistente. Mas eu consegui colocar portaria parcial e segurança noturno. Além disso, aqui usamos o sistema de Tag. Não tem senha e nem chave. É Tag, é individual. O sistema mip que identifica quem está usando. É proibido mesmo sendo do mesmo apartamento, utilizar a Tag do outro. Tem esse mesmo sistema no portão, então a entrada e a saída é identificado no sistema, onde permanecem os dados, se precisar buscar a informação, pode ser feito. Tem as câmeras e moradores que são militares que sempre me dão apoio aqui. Graças a Deus, até hoje nunca aconteceu nada, a não ser uma vez que tentaram entrar aqui, mas o plano foi frustrado.

E o Secovi tem te ajudado?

L.: O Secovi me dá muito apoio. Eles têm os advogados disponíveis. Os cursos são fundamentais, Tem o café com síndico, sentar lá e conversar durante uma hora, mesmo que fossem 15 minutos, escutar a experiência de outros síndicos, o que acontece em outros condomínios é muito importante. O papel do Secovi é fundamental para nossa vida, comecei a frequentar há pouco tempo, mas esse tempo está sendo muito produtivo. Ainda não tenho o SecoviMed, mas ouvi de outros síndicos que é muito bom e só tem profissionais capacitados.

Alguma mensagem para finalizar?

L.: O que quero deixar como mensagem é que temos que ter muito foco. Dedicação, priorizar o condomínio e não ficar focado em problemas de moradores. Temos que cuidar e dar atenção, parar e entender algum atrito entre moradores. Eu não deixo morador entrar em conflito com outro para não ter atrito. Eu sempre falo que condomínio é família e se tiver que brigar, briga comigo. E é isso, temos que ter muito discernimento e sabedoria para administrar o condomínio. «

Comments are closed.