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Secovi Entrevista – Revista Secovi Ed42

Nesta edição, o Secovi Entrevista conversou com o síndico Fabrício Montes Ramos, que administra o Condomínio Horizontal Varanda Sul, loteamento fechado de casas, no bairro Shopping Park, em Uberlândia. Fabrício nos contou como foi sua entrada na área condominial e nos revelou como lida com as questões financeiras, também sobre contratação de fornecedores e acerca da sustentabilidade do condomínio. Por fim, nos deu sua opinião sobre o papel do Secovi como auxílio para o síndico, destacando a importância da busca de conhecimento e da troca de experiência. Confira a entrevista completa a seguir.

Como foi a sua entrada na área condominial?

R: Eu trabalho na área condominial há cerca de um ano. Na verdade, eu não tinha experiência nesse ramo, minha esposa foi contratada como gestora aqui no condomínio antes de mim. Porém, ela teve que deixar o cargo e eu vim conhecer o trabalho e acabei assumindo o seu lugar. Como sou formado em administração, não tive muita dificuldade em relação à gestão, mas precisei me adaptar às especificidades do setor. No início, meu foco era mais voltado para o orçamento e ás finanças, mas, com o tempo, fui aprendendo as demais demandas do dia a dia. Obviamente, também busquei me especializar e me atualizar na área.

Quais foram as principais complicações que você encontrou no início?

R: Aqui no condomínio a natureza jurídica é diferente dos edifícios verticais, pois se trata de uma associação de moradores de um loteamento fechado. Então, a princípio, minha maior dificuldade foi me familiarizar com a legislação que envolve esse tipo de condomínio. Porque, apesar de chamarmos de condomínio, na verdade é um loteamento. Precisei estudar as normas e leis que regem esse setor: o que é de competência do município, o que é de competência da União, etc. Depois de me inteirar um pouco sobre a legislação, passei a lidar com a rotina do dia a dia, que envolve os problemas internos e os pequenos conflitos que surgem no condomínio.

Como você avalia os problemas existentes no condomínio atualmente e quais são os seus planos para enfrentá-los?

R: Eu percebo que o principal problema que enfrentamos aqui é a comunicação. Em outras áreas da administra- ção ou da economia, a comunicação é um elemento muito importante para divulgar as ações e manter um bom clima na comunidade. Mas nos condomínios, eu vejo que esse ponto ainda é muito deficiente. No nosso caso específico, nós sofremos com a falta de comunicação entre a administra- ção, os condôminos e sobre atos do poder público. Também temos problemas com a comunicação visual, como a sinalização adequada. Nós temos um projeto para desenvolver uma estratégia de comunicação mais efetiva, inclusive visual, para melhorar o relacionamento com os novos moradores, as obras, o regimento interno e os atos do poder público. Mas, para resumir, hoje nossa maior dificuldade é esta: comunicação. Eu não acho que seja muito complicado de implementar, mas eu preciso de ajuda profissional. Eu tenho uma ideia do que eu quero fazer, mas eu não tenho o conhecimento técnico para isso, eu preciso de alguém que saiba como transmitir as mensagens e fazer com que elas cheguem aos destinatários da forma mais clara e eficiente possível

Essa dor que você encontrou no condomínio, em relação à comunicação, é algo que os moradores também percebem?

R: Sim, essa é uma percepção compartilhada pelos moradores. Um exemplo comum é quando um morador se muda para o condomínio e não conhece as regras, não sabe como funciona, porque há muita informação que ele não recebe ao entrar no condomínio. Isso poderia ser resolvido de uma forma bem simples, mas eu percebo que essa é uma deficiência em vários outros condomínios além do nosso. Eu tenho participado de algumas reuniões com síndicos, inclusive com o apoio do Secovi, e muitos relatam o mesmo problema de comunicação.

Além da comunicação, você observa outros obstáculos no seu trabalho?

R: Conflitos entre condôminos acontecem, mas mais do que isso, nós temos dificuldades com fornecedores e prestadores de serviços, que muitas vezes não têm capacidade técnica para entregar um bom trabalho, ou, até mesmo, um orçamento adequado, para discriminar o que é mão de obra ou produto. A qualidade do serviço é bastante questionável, além do preço, que é muito alto, fora do padrão de mercado. Isso atrapalha bastante a contratação de profissionais qualificados.

Em relação à gestão financeira que a área que você tem bom conhecimento, você encontrou alguma situação complicada de resolver no condomínio?

R: Eu não tive muitos problemas com as finanças do condomínio, pois é uma questão matemática, exata. Quando um condomínio já tem um histórico e uma gestão financeira bem feita, com orçamento planejado, despesas controladas, funcionários adequados, manutenções regulares, fundo de caixa suficiente, tudo isso facilita bastante. Mas também é preciso fazer levantamento de valores, de orçamentos, de necessidades, e quantificar isso para cada condômino, levando em conta o nível de inadimplência para trabalhar com segurança. Não tem erro, número é número, é pura matemática, não tem muito mistério.

No quesito sustentabilidade, como é tratada a questão de resíduos e de energia sustentável no condomínio?

R: O condomínio é antigo e isso traz algumas limitações para melhorarmos o sistema de coleta de lixo. Mas nós temos uma empresa terceirizada que faz esse serviço, separando o lixo orgânico do reciclável e dando a destinação adequada. A empresa faz a coleta interna em dias alternados, conforme o tipo de lixo. Em relação à energia, como nós não temos mais espaço para instalar placas solares, nós compramos um percentual de energia de fazendas solares, que nos dão cré- ditos que são convertidos em descontos na conta de luz. Essa é a energia que usamos em toda a área comum da associação. Já as casas têm seu próprio sistema de placas solares.

Como você avalia o papel do Secovi na sua formação e atuação como síndico?

R: O que eu achei interessante no Secovi, apesar de ter ido poucas vezes, foi a disposição para o conhecimento e a divulgação. A oferta de cursos voltados para a área profissional de síndico e as reuniões do café com síndico, nas quais podemos conhecer a realidade de outros condomínios, outros profissionais, outros síndicos, outros prestadores de serviço. Isso é importante para adquirir experiência e conhecer outras novidades que nem sempre temos acesso por outros meios de mercado. Além disso, temos duas funcionárias internas que contam com o apoio do SecoviMed.

Para encerrar, você gostaria de deixar alguma mensagem?

R: Eu acho que a busca de conhecimento e a troca de experiência são duas características essenciais para um bom síndico. Temos que estar sempre procurando, sempre buscando informações atualizadas, experiências de outros condomínios que podem ser aplicadas na nossa realidade. É muito importante se manter atualizado, com conhecimento técnico sé- rio, com empresas sérias. O principal é isso. 

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